Informe da SBMEE sobre eventos de morte súbita em atletas vacinados contra a COVID-19

São Paulo, 10 de janeiro de 2022

Informe 01/2022 da SBMEE sobre eventos de morte súbita em atletas vacinados contra a COVID-19:

Tem sido frequente, nas últimas semanas de dezembro de 2021 e nestes primeiros dias de 2022, por parte da população e também pela mídia, o questionamento sobre um eventual aumento no número de mortes súbitas (MS), em praticantes de esportes, e uma possível associação com o uso de vacinas imunizantes contra a SARS-COV2, particularmente as vacinas que usam a tecnologia do RNA mensageiro (m-RNA). Dados atuais, tanto da literatura científica quanto de informações em veículos não científicos, revelam, até este momento:

1) Embora existam relatos, em publicações científicas, levantando a possibilidade de associação entre MS e vacinas contra a SARS-COV2, estes são muito raros e insuficientes para sustentar uma consistente relação de causalidade.

2) Há relatos de casos de miocardite (“inflamação do músculo cardíaco”) após a imunização com vacinas do tipo m-RNA. Estas miocardites, em geral, são leves, com evolução benigna. A maior série foi reportada em Israel, com mais de 5 milhões de pessoas que receberam 2 doses destas vacinas, onde se encontrou aproximadamente 24 casos de miocardite por milhão de pessoas, ou seja, apenas 0,0024% do total de vacinados.

3) A miocardite é uma complicação que ocorre também em decorrência da própria infecção por SARS-COV2 e, de acordo com estatísticas disponíveis, em percentuais maiores de incidência, variando, por exemplo, entre 1 a 3%, em atletas. Desta forma, não se vacinar não deve ser considerada uma opção adequada para se evitar o risco de desenvolver miocardite.

4) Nos veículos não-científicos, por vezes, ocorre má interpretação dos fatos, seja por inserirem nas estatísticas de MS atletas que não morreram, seja por relatarem eventos de MS em atletas que não foram vacinados, ou por não terem o rigor científico adequado, o que pode gerar confusão e conclusões equivocadas, especialmente para o público leigo.

Desta forma, a SBMEE orienta a população que não há nenhuma evidência científica mostrando qualquer tipo de elevação no número de casos de MS em atletas, acima dos índices habituais. Adicionalmente, não há nenhum dado que mostre uma associação entre vacinas contra a SARS-COV2 e MS em atletas ou em praticantes de atividades físicas intensas e/ou frequentes.

Finalmente, reforça-se a importância da prática de exercícios físicos para a melhora nos níveis de saúde da população, lembrando que pessoas fisicamente ativas têm uma melhora na ativação de seu sistema imunológico, sendo este um aspecto favorável na prevenção, tratamento e reabilitação de pessoas acometidas pela SARS-COV2, gripes de forma geral e outras doenças infecciosas.

Participaram da elaboração deste documento:

Ivan Pacheco, Presidente da SBMEE;

Fernando Carmelo Torres, Presidente Eleito da SBMEE;

Marcelo Leitão, Diretor Científico da SBMEE,

José Kawazoe Lazzoli, Presidente da Confederação Panamericana de Medicina do Esporte (COPAMEDE);

Daniel Arkader Kopiler, Presidente da Comissão de Desenvolvimento da COPAMEDE;

Nabil Ghorayeb, Especialista em Medicina do Exercício e do Esporte SBMEE/AMB, Cardiologista SBC/AMB;

Serafim Ferreira Borges, Especialista em Medicina do Exercício e do Esporte SBMEE/AMB, Cardiologista SBC/AMB.